7 da manhã, toca o telemóvel: "Carlos Daniel GT". Merda, adormeci! Tinha definido o despertador para as 6h, estava combinado encontrar-me com os meus colegas às 6h45. Vestir a correr, engolir um bocadinho de massa aquecido pela minha mãe e saio a correr pelas escadas abaixo.
Chegados a Barcelos ainda cedo, recebidos pela chuva e frio, vamos a um café comer e tratar de "aliviar" um pouco mais de peso para a corrida. Um cafezinho e um pastel de carne acabado de fazer e começa a ficar na hora da partida da prova dos 30km. A chuva não dá tréguas e às 8h30 dá-se a partida da prova, com vários elementos da minha equipa a participar, eu e mais uns estávamos do lado de fora a vê-los partir.
Daí ainda faltava 1h30 para a minha partida. Podíamos agora levantar os nossos dorsais para os 18km e depois voltamos para o café, aproveitar o abrigo da chuva e o quentinho confortável. Começando a chegar a hora da prova vou ao carro vestir-me e como uma barrita para me dar energia para a prova e alguma cafeína para despertar.
Inicialmente tinha previsto correr com uma camisola térmica, um colete de inverno e a camisola de equipa por cima. Com o frio e a falta de treino das últimas semanas devido a lesão, usei gola durante a corrida e especialmente para aquecer a garganta durante a corrida de aquecimento e esta não fechar e dificultar a respiração. Uma corridinha de 10min para aquecer e a chuva a diminuir, decidi tirar o colete, apenas iria correr com a tshirt térmica e a camisola de equipa por cima.
Encaminho-me para a partida e alinho-me na frente com os meus colegas de equipa. A partida foi rápida, deixei-me levar pelo Bruno, que foi o melhor Gaia Trail nos 18km, e fiz o primeiro quilómetro em 3'30'', tendo em conta que as sapatilhas de trail são bastante mais lentas.
Nesta prova decidi usar pela primeira vez as Merrel All Out Peak. Recebi-as há um ano, como prémio (atrasado) do 2º lugar na Meia Maratona Lisbon Eco Marathon. Nunca as tinha usado para correr, apenas para caminhadas e uso diário, mas devido à grande intensidade de chuva e sabendo da quantidade de lama que haveria, eram a minha única hipótese.
Os quilómetros seguintes continuaram a ser rápidos, entramos em zona de mato mas que permitia correr a bom ritmo. Começou a surgir alguma lama e umas pequenas subidas. Como sou atleta de estrada, as subidas não são muito o meu forte, desgastam-me muito e impedem-me de depois conseguir correr devido ao cansaço. Tinha visto no mapa de altimetria disponibilizado que haveria duas principais subidas: uma cerca dos 6km e outra depois dos 8.
No início ainda tentei esforçar-me para correr, mas depressa apercebi-me que não seria possível fazer as subidas sem parar. Corria o melhor que podia nas zonas planas e descidas e nas subidas fazia sempre a andar, sendo que quando o terreno ficasse um pouco mais plano começaria logo a correr. Com isto em mente, entre o 6º e o 9º quilómetro o ritmo foi bastante reduzido, tendo atingido o meu ritmo mais lento de 9'30''.
Passadas essas duas subidas comecei a correr mais rápido, a conseguir fazer ritmos de cerca de 4'/km. O tornozelo, lesionado depois da Corrida Montepio, mostrava sinais de vida, mas não impedia a corrida, pelo que me senti bem e dei o meu máximo.
Passado o meio da prova tentei tomar o outro gel que tinha, um "Liquid Gel" que tinha sido dado a todos os membros da equipa. Tento rasgar a parte de cima com os dentes e aperto com toda a força que tenho para sair alguma coisa, o orifício que permitia a saída do gel era demasiado pequena. Ainda andei assim durante quase um quilómetro, até que começou a descer com algumas árvores pelo caminho. Com a necessidade de usar as mãos para me agarrar as árvores, coloquei o que restava do gel num dos suportes da mochila e nunca mais me lembrei dele.
Nas subidas os atletas apanham-me e passam por mim, não consigo mais que ir a caminhar. O ritmo cardíaco reduz um pouco, chega a zona plana e começo a correr. Volta a passar por eles e dou tudo o que tenho até a subida seguinte, mas o terreno que ganhei é suficiente para que não me consigam apanhar, mesmo estando a caminhar devagar nas subidas.
Quando olho para o relógio e vejo que já tenho 16km dá-me energia para continuar e puxar por mim. Começo a reconhecer algumas zonas de quando me estreei pelo Gaia Trail há dois anos nesta prova, mas a prova desta vez é diferente. Pior parte foi a chegar a uma zona de vinhas, que pelos vistos era também perto de uma ETAR. O cheiro era terrível, pensava que daí até ao fim seria apenas mato, mas uma pequena (muito ligeira) subida com lama matou-me o ritmo é vi-me a passar de 4'/km para 5'30'' durante quase 500 metros.
Finalmente saio de vez da montanha, começa a predominar o asfalto e vejo um atleta ao fundo. Este é o meu terreno, é aqui que posso recuperar algum do tempo e talvez alguma posição das que perdi nas subidas. Lentamente vou-me aproximando do atleta que vi, mas ele olha por cima do ombro e começa também a esforçar-se. De volta a Barcelos passo por um outro atleta dos 30km e entro na rua de lojas perto da meta. Já estou no meu limite e o meu rival deixou-se guardar alguma energia para o final.
Acabo a prova com 1h44, em 13º lugar. Olho para o relógio para descobrir que afinal tinha corrido mais de 19km.
Pela primeira vez numa prova de trail, não fui traído por dores de costas durante as descidas e acabei a sentir-me bem, ao ponto de ir pouco depois mais atrás e ajudar os meus colegas de equipa nos momentos finais da sua prova.
Com a minha prestação e a dos outros elementos Gaia Trail, conseguimos um 2º lugar por equipas na prova de 18km, sendo que nos 30km a equipa consegui o lugar mais alto no pódio.
Uma distância de 19,19km em 1h44min, representando uma média de 5'25''/km.
Voltas:
- 1ºkm 3'31''
- 2ºkm 4'04''
- 3ºkm 4'11''
- 4ºkm 4'32''
- 5ºkm 5'34''
- 6ºkm 6'32''
- 7ºkm 7'18''
- 8ºkm 8'40''
- 9ºkm 9'38''
- 10ºkm 7'38''
- 11ºkm 4'17''
- 12ºkm 6'17''
- 13ºkm 4'23''
- 14ºkm 5'00''
- 15ºkm 4'22''
- 16ºkm 4'07''
- 17ºkm 4'42''
- 18ºkm 4'17''
- 19ºkm 4'06''
- 190 metros 45seg (ritmo 3'59'')
Ver registo: Garmin Connect
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