terça-feira, 30 de agosto de 2016

Caminho de Santiago 2016 - Barcelos a Rubiães

Segundo dia, o relógio está no pulso e apita: são 5h, é hora de levantar. Arrumo as coisas rapidamente, deixando os calções ainda molhados pendurados de fora da mochila. Passado meia hora já estou a andar, a sair de Barcelos. 20 segundos depois de começar já estava a voltar para trás, tinha-me esquecido dos batons na entrada do albergue xD.
Os primeiros quilómetros foram lentos, especialmente por ser de noite e ter de parar várias vezes para ter a certeza que estava no caminho certo. As subidas começaram a aparecer e uma ligeira dor na planta do pé esquerdo foi surgindo, uma dor de pressão, mas que não impede de continuar.
Com a acumulação das subidas e tendo apenas comido uma barra de proteína antes de sair, ao fim de apenas 1h30 parei para descansar e comer. Uma lata de atum, uma barra de cereais, uma vista de olhos nas redes sociais e estou pronto a seguir. Tal como ontem, aproveitando também para escrever um pouco.
Tendo já experiência do percurso do ano passado, sabia que ainda faltavam mais de 24km até chegar a Ponte de Lima. Como daí seriam mais 17 até Rubiaes, decidi fazer tudo seguido. Foram 4 horas a andar a ritmos elevados, de forma a ganhar algum tempo que usei depois para descansar. Os batons sempre a ajudar no ritmo e a reduzir a pressão nas pernas. No entanto,  cada vez mais fui sentindo e foi crescendo uma dor na planta dos pés, estar tanto tempo de pé começava a custar.
Sabia que queria fazer direto até Ponto de Lima, para depois descansar um pouco e fazer de seguida o resto até Rubiães. A parte que mais custou foram os últimos 10km, já tinha 20 nas pernas e começava a sentir-me cansado. Um pé à frente do outro, com algum esforço lá cheguei a Ponte de Lima, onde fui em direção ao albergue. Uma vez que ainda eram 12h e o albergue apenas abriria as 16h, estava vazia a entrada. Sentei-me num banco a sombra a descansar e comer um pouco, até que me encostei a mochila e adormeci para uma pequena sesta.
Assim que acordei e preparei-me para sair, apesar de ainda ser cedo, faltavam 17km a percorrer pela montanha. Com os pés descansados e com energia renovada, os primeiros quilómetros foram feitos rapidamente, sabendo também que perderia algum tempo nas subidas. A meio caminho parei 5min para atestar a água e carimbar a credencial e lá segui para as subidas.
Pelo caminho passei por um casal Canadiano, tendo seguido um pouco com eles na conversa. Tinham já realizado o Caminho Francês no espaço de 6 anos: a cada ano voltavam para o sítio onde tinham ficado no ano anterior, totalizando os 1500km num maior espaço de tempo.
Estando a contar com 17km desde Ponte de Lima, tinha ideia que a distância do dia seriam 50 certos e fui com isso em mente, a contar quanto faltaria até ao albergue. No entanto, depois de descer do topo da Serra da Labruja, o albergue não apareceu na altura devida. Apesar de ser apenas 1km depois, quando se faz uma distância destas e se espera a certa altura a chegada, cada 100 metros a mais custam muito mais psicologicamente.
Mas finalmente tinha o meu descanso, pude tirar as sapatilhas dos pés e a tshirt encharcada em suor. Tomar um banho quente para relaxar e lavar a roupa do dia.
Jantei cedo, no restaurante perto do albergue, e antes das 19h30 estava pronto a voltar, arrumar tudo e ir dormir.

Os 51km de hoje foram realizados em 8h45, para o qual foram necessárias 5 mil kcal. 60 mil passos requeridos para o dia de hoje, os meus pés merecem descanso.

Sem comentários:

Enviar um comentário